segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Barroquense que estava em um dos ônibus da tragédia conta com exclusividade os momentos de tensão que passou

Foto: Arquivo pessoal
Maria Raimunda, ou Mundinha como é popularmente conhecida, de 51 anos, é natural de Barrocas, seus familiares moram na comunidade de Santa Rosa, zona rural do
município, mas ela reside em Santa Luz. Ela foi uma das passageiras que estava em um dos ônibus que colidiu e resultou na morte dos dois motoristas que tiveram seus corpos carbonizados. Em uma fala cheia de emoção, para a repórter Daniele Oliveira, ela descreveu os momentos de tensão que passou.

A tragédia aconteceu, por volta das 9h desta segunda-feira, na BA 120, na localidade conhecida como Cascalheira

“A viagem estava bem até Valente, passamos na rodoviária, pegamos outros passageiros e seguimos.
Só que de Valente em diante, o motorista começou ir em alta velocidade, porém ele estava na mão dele certa, não estava na contra mão. Saindo de Retirolândia foi mais ou menos 1km de Retirolândia para lá, aí eu só senti o impacto! Quando eu senti aquele forte impacto, eu percebi que o ônibus estava colado um no outro, aí eu escutei o desespero do povo gritando, pedindo ao motorista para abrir a porta para sair, tinha uma senhora do meu lado, ela tinha sentado há pouco tempo, quando eu olhei para a poltrona ela já estava caída sangrando, pela boca, pelo nariz. Eu fiquei desesperada sem saber o que fazer, eu e a maioria do povo. Foi então que um homem conseguiu derrubar a janela de emergência e conseguimos sair, o fogo foi se alastrando até quando queimou os dois ônibus.”, contou.

A poltrona em que dona Raimunda estava sentada ficava próxima da janela de emergência, ela era passageira do ônibus que vinha de Nordestina com destino a Salvador. 
"era basicamente no meio do ônibus, por isso que deu tempo de sair, um senhor me ajudou porque fiquei muito nervosa, eu só tive forças para subir na janela, parecia que iria desmaiar, e o ônibus já começando pegar fogo, foi quando um filho de Deus mandou eu pular que ele me ajudava, foi o que eu fiz! É uma cena que jamais vai sair da minha cabeça, muito muito triste que não dá para esquecer, naquele momento, eu e aquelas pessoas ali dentro daquele ônibus, um bocado de gente gritando, outros feridos, sangrando... eu não nego para você não, foi uma cena desesperadora eu pensei que iria morrer, não nego! Mas eu lembrei de Deus naquele mesmo momento, eu pensei que se aquele ônibus não capotou era porque Deus estava dando uma nova oportunidade de sobrevivemos, então eu confiei em Deus, confiei que ia da tudo certo, mesmo estando lesa, parecendo que estava fora de mim”
Vista da BA 120, sentido Retirolândia/ Foto; Raimundo Mascarenhas
Dona Mundinha passa bem, e não teve ferimentos “Eu não tive um arranhão, foi milagre de Deus, sou grata a ele e posso considerar que nasci de novo, lamento pela morte do motorista, muito triste, perdeu a vida de uma forma tão trágica, um pai de família trabalhador, estava ali para ganhar seu pão de cada dia, queria está ainda mais feliz, pelo grande livramento que tive, mas eu vi outras vidas indo embora, sei que nesse momento tem muitas famílias sofrendo porque perdeu seus entes queridos, a dor é muito grande!”, lamentou.

Por: Daniele Oliveira

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